E-Football : Vamos dar uma chance a Konami

 



A discussão entre fãs é intensa e, infelizmente, não é tão embasada quanto gostaríamos: os anúncios em torno do game ainda são superficiais, e não contam tudo que precisamos saber sobre o jogo. Isso, por sinal, é de se esperar; eFootball ainda nem possui data de lançamento anunciada, e deve demorar alguns meses para chegar às lojas.

É tão novo assim?

O primeiro passo para o rebranding completo de PES veio em 2019, quando eFootball PES 2020 foi anunciado, já com o nome indicando uma repaginação. À época, a Konami deixou claro que o “eFootball” no título se ligava ao avanço da empresa e do game nos esports, e que a ideia era fortalecer o ambiente online do jogo.

Um ano depois, o eFootball PES 2021 teve um quê de decepção: o jogo recebeu atualizações extremamente simples, afinal de contas, a transição para a Unreal Engine estaria tomando bastante tempo da Konami, e não seria possível entregar um game tão atualizado no motor gráfico antigo. O famoso “um passo para trás e dois para frente”.





Olhando em retrospecto, fica fácil ligar os pontos e entender a trajetória da empresa até chegar em um jogo gratuito. A desenvolvedora queria uma modalidade consolidada nos esports, onde praticamente todos os games relevantes são free to play. As raras exceções, como Rainbow Six Siege e Overwatch, não obtiveram tanto sucesso quanto LoL ou CS:GO, por exemplo.

Dois anos atrás, entretanto, essa análise não era nem um pouco evidente, e isso quase justifica o baque que a comunidade do PES/eFootball sofreu com os anúncios recentes.

É tão ruim assim?

A preocupação dos jogadores com os modos offline é bastante válida. No Brasil, o PES se consolidou com a Liga Master — ou Master Liga, para os íntimos — quando o game ainda era Winning Eleven no PlayStation 1. Todos lembramos do time que tinha Ivarov no gol e Castolo no comando de ataque, não é?

Certamente seria um tiro no pé gigantesco abandonar esse modo, ou deixá-lo sem muitas atualizações, principalmente dentro da comunidade brasileira. Mas, vale reforçar, é impossível garantir o que a Konami está planejando para eFootball; qualquer opinião agressiva, como a que os fãs estão emitindo nas redes sociais, é fruto de pura especulação.

Vale lembrar, inclusive, que o primeiro jogo a carregar a marca eFootball foi também um que marcou uma grande repaginação da Liga Master, trazendo várias novidades para o modo. Dito isso, o caminho mais lógico é que a Konami siga alimentando o online, basta olhar com calma os últimos passos da desenvolvedora.



Necessidade de buzz

Ainda que PES seja muito forte no Brasil, com uma comunidade extremamente consolidada e batendo de frente com a concorrência, é inegável que FIFA é a opção mais considerada por vários fãs estrangeiros. Alguns grandes mercados de games não possuem tantos motivos para ver PES com bons olhos, e a Konami arriscou bastante para mudar essa percepção da maneira mais rápida possível.

Além do contexto dos esportes eletrônicos, a gratuidade de eFootball é uma tentativa bem clara de se colocar à frente da EA em algum aspecto. O game da Konami até poderia construir uma base de fãs ao longo dos anos, com jogos progressivamente melhores e coesos. Até chegar em um resultado satisfatório, entretanto, muito tempo já se passou — e a indústria de games não gosta de investimentos a longo prazo.

Activision Blizzard, CD Projekt Red e Ubisoft são algumas das grandes empresas que já demonstraram incisivamente a importância de aumentar o lucro de maneira significativa a cada ano. É o caminho mais saudável para o desenvolvimento de jogos? Provavelmente não, mas um artigo em um portal brasileiro dificilmente vai abalar as estruturas do capitalismo.


É quase irônico que a Konami tenha trabalhado por dois anos para finalmente apresentar esse projeto, pensando no imediatismo da indústria, mas eFootball não deixa de ser um produto concebido para mudar o rumo da franquia desde seu lançamento.

Torcedores, calma

Por fim, é importante pincelar os fãs que estão indignados com a chegada do jogo em todas as plataformas. Não é necessário buscar muito para encontrar o discurso: “Paguei milhares no meu PlayStation 5/Xbox Series X, e vou receber a mesma coisa que o jogador de mobile”.

É incrível o quanto a comunidade brasileira de games tem gosto em ser elitista. Na mente de alguns, é inaceitável que uma pessoa com menos condições financeiras possa ter a mesma diversão que você, que trabalhou tão duro para comprar um console de última geração.


Por favor, vamos com calma. Se você é tão fã de um jogo, não deveria estar comemorando que ele vai estar acessível a várias outras pessoas? É muito mais gente para debater, criar conteúdo e fortalecer o cenário como um todo.

Se você pagou milhares em um console, meus parabéns: você vai ter gráficos muito superiores em relação aos celulares. Aliás, o dinheiro que você gastaria comprando o novo eFootball pode muito bem ser utilizado em jogos exclusivos para sua plataforma. Incrível!

Não há motivos claros para apedrejar a Konami até o momento. Se você, depois de ler este artigo, ainda quiser reclamar sobre seu jogo nas redes sociais, faça-o com respeito e sem elitismo. O meu conselho, entretanto, é esperar que o jogo receba mais anúncios e seja disponibilizado para o público geral; uma opinião embasada costuma ser o melhor tipo de opinião.



Fonte


Comentários